quinta-feira, 26 de julho de 2012

António Aleixo


António Fernandes Aleixo
Nasceu a 18 Fev 1889 (Aquário- 123 anos) Vila Real Sto António
Morreu a 16 Nov 1949 Loulé com tuberculose (60 anos)
Obras:
  • Quando começou a cantar – (1943);
  • Intencionais – (1945);
  • Auto da vida e da morte – (1948);
  • Auto do curandeiro – (1949);
  • Auto do Ti Jaquim - incompleto (1969);
  • Este livro que vos deixo – (1969) - reunião de toda a obra do poeta;
  • Inéditos – (1979); tendo sido, estes quatro últimos, publicados postumamente.

Nasceu no emaranhado de uma vida de canseiras , pobreza e dizem que era um homem muito simples.
Foi contador e contador por feiras e mercados, cauteleiro, tecelão, guarda de polícia e também esteve emigrado em França.
Apesar de ser um homem quase iletrado, havia o perfil de uma personalidade rica, vincada e conhecedora das diversas realidades da cultura e sociedade do seu tempo.
A sua conhecida obra poética é uma parte mínima de um vasto repertório literário. Estudiosos do poeta conjugam esforços no sentido de reunir, no mais curto espaço de tempo, o seu espólio, que ainda se encontra fragmentado por vários pontos do Algarve, algum dele já localizado. Sabe-se também que vários cadernos seus foram cremados como meio de defesa contra o vírus infeccioso da doença que o vitimou, sem dúvida, um «sacrifício» impensado, levado a cabo no holocausto do medo. Foi esta uma perda irreparável de um património insubstituível no vasto mundo da literatura portuguesa.

O 25 de Abril lançou o poeta Aleixo para a ribalta. As suas tiradas e os seus poemas começaram a ser vistos com outra atenção. «Ele era, na realidade, um homem de liberdade ...», afirma Joaquim de Magalhães.
Para que o homem, o poeta e a sua obra não se desvaneçam da memória, têm-se feito esforços nesse sentido. Assim, existe no parque da cidade de Loulé um monumento a Aleixo, do qual foi feita uma réplica e colocada frente ao «Café Calcinha», no coração da cidade, local que foi para o poeta encontro, inspiração, vida, trabalho e alguma inquietação.
Ainda bem!

Porque o povo diz verdades, 
Tremem de medo os tiranos, 
Pressentindo a derrocada 
Da grande prisão sem grades 
Onde há já milhares de anos 
A razão vive enjaulada. 

Vem perto o fim do capricho 
Dessa nobreza postiça, 
Irmã gémea da preguiça, 
Mais asquerosa que o lixo. 

Já o escravo se convence 
A lutar por sua prol 
Já sabe que lhe pertence 
No mundo um lugar ao sol. 

Do céu não se quer lembrar, 
Já não se deixa roubar, 
Por medo ao tal satanás, 
Já não adora bonecos 
Que, se os fazem em canecos, 
Nem dão estrume capaz. 

Mostra-lhe o saber moderno 
Que levou a vida inteira 
Preso àquela ratoeira 
Que há entre o céu e o inferno. 

António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."







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