António Fernandes Aleixo
Nasceu a 18 Fev 1889 (Aquário- 123 anos) Vila Real Sto António
Morreu a 16 Nov 1949 Loulé com tuberculose (60 anos)
Obras:
- Quando começou a cantar – (1943);
- Intencionais – (1945);
- Auto da vida e da morte – (1948);
- Auto do curandeiro – (1949);
- Auto do Ti Jaquim - incompleto (1969);
- Este livro que vos deixo – (1969) - reunião de toda a obra do poeta;
- Inéditos – (1979); tendo sido, estes quatro últimos, publicados postumamente.
Nasceu no emaranhado de uma vida de canseiras , pobreza e dizem que era um homem muito simples.
Foi contador e contador por feiras e mercados, cauteleiro, tecelão, guarda de polícia e também esteve emigrado em França.
Apesar de ser um homem quase iletrado, havia o perfil de uma personalidade rica, vincada e conhecedora das diversas realidades da cultura e sociedade do seu tempo.
A sua conhecida obra poética é uma parte mínima de um vasto repertório literário. Estudiosos do poeta conjugam esforços no sentido de reunir, no mais curto espaço de tempo, o seu espólio, que ainda se encontra fragmentado por vários pontos do Algarve, algum dele já localizado. Sabe-se também que vários cadernos seus foram cremados como meio de defesa contra o vírus infeccioso da doença que o vitimou, sem dúvida, um «sacrifício» impensado, levado a cabo no holocausto do medo. Foi esta uma perda irreparável de um património insubstituível no vasto mundo da literatura portuguesa.
O 25 de Abril lançou o poeta Aleixo para a ribalta. As suas tiradas e os seus poemas começaram a ser vistos com outra atenção. «Ele era, na realidade, um homem de liberdade ...», afirma Joaquim de Magalhães.
Para que o homem, o poeta e a sua obra não se desvaneçam da memória, têm-se feito esforços nesse sentido. Assim, existe no parque da cidade de Loulé um monumento a Aleixo, do qual foi feita uma réplica e colocada frente ao «Café Calcinha», no coração da cidade, local que foi para o poeta encontro, inspiração, vida, trabalho e alguma inquietação.
Ainda bem!
Porque o povo diz verdades,
Tremem de medo os tiranos,
Pressentindo a derrocada
Da grande prisão sem grades
Onde há já milhares de anos
A razão vive enjaulada.
Vem perto o fim do capricho
Dessa nobreza postiça,
Irmã gémea da preguiça,
Mais asquerosa que o lixo.
Já o escravo se convence
A lutar por sua prol
Já sabe que lhe pertence
No mundo um lugar ao sol.
Do céu não se quer lembrar,
Já não se deixa roubar,
Por medo ao tal satanás,
Já não adora bonecos
Que, se os fazem em canecos,
Nem dão estrume capaz.
Mostra-lhe o saber moderno
Que levou a vida inteira
Preso àquela ratoeira
Que há entre o céu e o inferno.
António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."
Tremem de medo os tiranos,
Pressentindo a derrocada
Da grande prisão sem grades
Onde há já milhares de anos
A razão vive enjaulada.
Vem perto o fim do capricho
Dessa nobreza postiça,
Irmã gémea da preguiça,
Mais asquerosa que o lixo.
Já o escravo se convence
A lutar por sua prol
Já sabe que lhe pertence
No mundo um lugar ao sol.
Do céu não se quer lembrar,
Já não se deixa roubar,
Por medo ao tal satanás,
Já não adora bonecos
Que, se os fazem em canecos,
Nem dão estrume capaz.
Mostra-lhe o saber moderno
Que levou a vida inteira
Preso àquela ratoeira
Que há entre o céu e o inferno.
António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."
Sem comentários:
Enviar um comentário