terça-feira, 29 de março de 2011

Notícia do livro sobre Fernando Pessoa


O livro só sai em Abril mas já está a causar polémica: ‘Fernando Pessoa: uma quase autobiografia’, que o brasileiro José Paulo Cavalcanti escreveu ao longo de oito anos de trabalho e cinco horas de escrita diária – com várias viagens a Lisboa por ano – retrata o poeta como um homem “sem imaginação”, que escreveu apenas sobre pessoas e locais que existiam, e um homossexual latente, que visitava os bordéis mas tinha pouco entusiasmo pelo sexo oposto.

Ao longo de quase 700 páginas – em que o brasileiro diz ter procurado escrever o livro que gostaria de ler – Cavalcanti usou centenas de citações do poeta, sempre entre aspas, e muitos depoimentos de pessoas que conviveram com o poeta. Alguns deles poderão surpreender o leitor.Como, por exemplo, a revelação, supostamente feita por António Botto – amigo do poeta e homossexual assumido (apesar de ser casado) – de que Fernando Pessoa teria um pénis muito pequeno, o que lhe causava alguns embaraços.

Segundo o próprio Cavalcanti, muito pouco no livro é da sua lavra, embora neste livro lance a teoria de que Fernando Pessoa teria, afinal, muito mais heterónimos do que vulgarmente se julga.

Polémica, também, é a sua afirmação de que o autor de ‘A Tabacaria’ tinha falta de imaginação.

“Eu lia e pesquisava. Sempre que encontrava num poema qualquer referência, ia procurar para saber se aquele lugar ou aquela pessoa existam de facto. E existiam mesmo. Acabei por chegar à conclusão de que Fernando Pessoa foi o escritor com menos imaginação com quem tive contacto em toda a minha vida. Ele viveu tudo o que escreveu. Não inventou nada.”

O livro de José Paulo Cavalcanti, membro da Academia Pernambucana de Letras, será apresentado no âmbito da exposição ‘Fernando Pessoa: Plural como o Universo’, que já esteve patente em São Paulo e que chegou este fim de semana ao Rio de Janeiro, mais propriamente no Centro Cultural Correios, onde pode ser visitada até 22 de Maio.

in Correio da Manhã


É realmente de lamentar que este escritor esteja a lançar esta polémica para obter protagonismo para vender o seu livro.
O mais grave aqui não é a especulação sobre a possível homossexualidade do poeta.
Pessoa tem dos mais belos poemas que li, não percebo a afirmação de Calvacanti sobre a sua falta de imaginação.
Todos os poetas escrevem com base em algo da sua própria experiência interior e exterior.

domingo, 27 de março de 2011

Eyeless


Have no more than a piece a paper
and a soul that flies
higher than mountains.
Have got no more to give
than a smile
and the warmth of my breath
to melt your fears and sorrows.
Have got no words,
but have my eyes...to give to you.

SU

19 Março



Tirada a 19 de Março...já não sei onde no dia em que a lua atingiu
um perigeu lunar maior que o costume.
Agora só daqui a 18 anos quando eu tiver uns 50 anitos. :)

:)


O mais belo sorriso da noite...

Outro dia


Oiço teus passos pesados
num outro dia.
Hoje viro as costas,
encosto-me na porta apenas.
Sinto tuas mãos cheias de nada
num outro dia.
Hoje pego no meu livro,
saio em busca de um horizonte apenas.

Já te amei há muito tempo.
O teu peito tem silêncio.

A noite é uma criança e eu caminho
nas pegadas da flor da manhã.

SU

sexta-feira, 18 de março de 2011

Dizzy


Vagueio pela rua...
Fecho os olhos e sinto tudo
num turbilhao centrífugo...
E num nevoeiro tacteio os móveis de casa.
A mente está dormente
mais torpe ainda que os meus braços
e sinto-me hipnotizada por este
som que toca na minha cabeça
como uma guitarra fora de tom.

SU

Dói-me quem sou...


Dói-me quem sou. E em meio da emoção
Ergue a fronte de torre um pensamento.
É como se na imensa solidão
De uma alma a sós consigo, o coração
Tivesse cérebro e conhecimento.

Numa amargura artificial consisto
Fiel a qualquer ideia que não sei,
Como um fingido cortesão me visto
Dos trajes majestosos em que existo
Para a presença artificial do rei.

Sim, tudo é sonhar quanto sou e quero.
Tudo das mãos caídas se deixou.
Braços dispersos, desolado espero.
Mendigo pelo fim do desespero,
Que quis pedir esmola e não ousou.

Fernando Pessoa

Poesia


Tua poesia faz doer em mim
a dor que não é minha...

quarta-feira, 16 de março de 2011

Disfarce


Os olhos insistem em permanecer abertos
mais uma noite lendo poemas incessantes
ao som do meu doce Vivaldi ou Chopin
Se fecho os olhos, aveludados os teus
se enlevam em minha fronte.

Se minha boca se cala, logo
a tua se abre num sorriso
ao som de Mozart ou Pachelbel
num respirar dormente em forma de suspiro...

Se a minha lívida mão se apoquenta
com o tocar leve de teus dedos
numa valsa de Strauss ou Ravel,
teu olhar quente basta para a acalmar.

E eis que um beijo é disfarçado na dança...

SU

Crepúsculo


Crespúsculo
É quando um espelho, no quarto,
se enfastia;
Quando a noite se destaca
da cortina;
Quando a carne tem o travo
da saliva,
e a saliva sabe a carne
dissolvida;
Quando a força de vontade
ressuscita;
Quando o pé sobre o sapato
se equilibra...
E quando às sete da tarde
morre o dia
- que dentro de nossas almas
se ilumina,
com luz lívida, a palavra
despedida.

Este foi o "poema ao acaso" que me calhou hoje de David Mourão Ferreira.
Podem experimentar em www.astormentas.com

sexta-feira, 11 de março de 2011

Escada


Cada dia que passa
Te sinto mais em mim
e o Teu silêncio
é como um grito em meu ouvido.

Abençoada eu sou
pelo sorriso e alegria
que sinto em existir
e poder subir todos os dias
uma escada para mais perto de Ti.

SU

My soul...

Pedacinhos


Não adormeço à noite,
salto de um pensamento para o outro...
e continuo a apanhar todos os pedacinhos do chão
das memórias que insistem em ficar.

E quando te vejo em redor de mim
vejo-o de olhos cerrados
pois se os abro, apenas vejo o candeeiro
do meu frio quarto, balançando.

E que posso fazer? Até a lua grita o teu nome
de tão contra mim que está
porque o coração renuncia a estes sentimentos
que ela durante séculos abençoou na prata da sua luz...

Até estas paredes nuas são as que confessam
aquilo a que não me permito ouvir...
hoje o mundo está contra mim, até o vento
sussurra palavras doces sobre o teu cheiro.

E mesmo assim, de repente
solta-se um sorriso meu
quando me dou conta que realmente é demais...
é demais ter a sorte de não te ter.
É que assim tens-me sempre em ti.



SU

terça-feira, 8 de março de 2011

Pássaro


Eu tenho um pássaro na mão
Gosto de o ter aqui?

Não.

Está bem mais bonito lá no ar
a voar de asas bem abertas...
Desenhando e pintando no vento
as cores dos teus olhos.

SU