terça-feira, 9 de dezembro de 2008

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Tempestades sem ventos


Há coisas que não têm sentido nenhum...
porque não partilhamos a nossa solidão?
Parece que te vejo por uma lente
mas só estou aqui sentada a ouvir
todos os sons confortáveis que fazes.
A água rolará sobre as pedras
para sempre,
o sol não parará de se deitar
no crepúsculo,
assim como minha pele enrugará cada dia.
Só que sem ti o vazio cresce e torna-se em abismo
mas a solidão parece ser o sentimento mais puro...
Dores que queimam as mãos,
dores que rasgam os olhos, vão e vêm,
mas dores que magoam a alma
são as dores de quem quer saber sempre mais.
O que sei de ti são os ventos agitados que me assolam os olhos
o que sei de ti é a tempestade ribombante que sinto ao tocar-te.
Só.
Nuas as minhas mãos...
Vazios os teus olhos...
Ocos nossos corações...
Su

terça-feira, 8 de julho de 2008

In(visível)


Não te vejo em meu redor,
não te sinto o calor das mãos.
Vejo-te sim no sol da manhã.
Não te falo com palavras,
não te ouço as respostas.
Falo-te sim com o coração.
Não te vejo a sorrir,
não te ouço as gargalhadas.
Ouço-te sim em cada murmúrio do vento.
E cada memória não se esquece
apenas permanece.

Su

Lluvia


Com pensamentos rasgados
de ódio inconstante,
caminho em direcção a nada.
E se alguma coisa falta,
que sei eu sobre isso?
Nada de nada.
Inexplicável e incompreensível,
só os gritos mudos
e os sons surdos vazios.
Por isso caminho sozinha
em direcção ao destino.
De ti não quero nada,
também não conheço os teus pensamentos.
Sabendo o que é melhor,
as perguntas nem respostas têm.
Naufragam perdidas
num mar imensurável
onde encontradas nunca serão.
Ficarão perdidos para todo o sempre
os momentos e os tempos
em que te olhava serenamente
e te buscava os olhos.

Su

Verdes


São teus olhos verdes o infinito,
por vezes sombrios,
por vezes claros demais.
Tens nos olhos um imenso mar azul
escondidos no meio de um véu de prata.
São teus olhos verdes um abismo,
por vezes amarram,
por vezes soltos demais.
Tens nos olhos um mundo aberto,
podes vir chorar sempre no meu peito.
São teus olhos verdes um livro de aventuras,
por vezes emocionantes,
por vezes fatais.
Tens nos olhos um barco à vela
que no dilúvio da tua chuva nunca afundará.
São teus olhos verdes uma natureza,
por vezes calmos,por vezes revoltados.
Tens nos teus olhos um sopro leve de brisa
que magoados se tornam num vendaval nefasto.
Ai olhos verdes, olhos verdes...
quando a tristeza bate, pior que eles não há.
Olhos verdes os teus
que, se alegres, iluminam todo o mundo.
Su

Suave


Suaves tuas maos que envolvem,
Teus olhos suaves mas que matam.
Suave o perfume da tua pele,
Cada pedaço teu é suave...
Suavemente esse sorriso rasgado
Trai o mais suável pensamento meu
Suavizados ficam meus olhos
Com a suavidade com que falas...
Suavissimamente tua.
Su

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Beth Gibbons - Mysteries


Gande voz, para quem não a conhece, ela era a vocalista dos portishead.

MINN HEIMA (My home)

Absolutely amazing...

Ontem e hoje


Não é tão engraçado
quando te chamam de criança?
Não quereis vós sê-la sempre?
Não digo quando chamam de "criancinha"...
Mas não se lembram de escapar de casa
e ir lá para fora, que era um mundo tão grande?
Agora pequeno me parece...
Esfolar os joelhos,
gritar e ser mandado calar pelo adulto sério.
Agora calados andamos nós na vida...
Pedalar, pedalar de bicicleta
e parecia que íamos tão longe...
Fazer uma cabana perto de casa
e incendiá-la sem querer.
Aprender a andar de skate e partir a cabeça
e berrar num choro de dor apenas
e não porque a vida parece desprovida de sentido...
como agora...
E jogar à bola e à lata e à apanhada
a tarde inteira até a mãe nos chamar aborrecida.
O tempo agora esgota num ápice
e na mesma corremos, mas sem rir...
E dormir noites a fio sem acordar
de tanto cansaço no corpo com o peluche à cabeceira.
Agora são comprimidos à cabeceira
para conseguirmos controlar o sono...
(eu não, prefiro ter insónias)
E detestar comer a sopa de legumes e o peixe cozido,
eu dava ao meu cão por baixo da mesa.
Encher a barriga de batatas fritas compradas no supermercado
e depois levar ralhete por não comer tudo.
Esperar ansiosamente pelo dia de aniversário e pelo Natal...
Agora quanto mais longe vejo essas datas pior...
Ter cinquenta escudos e gastar tudo em gomas e pastilhas
sem pensar no amanhã.
Agora anda tudo a contar os tostões
e a trabalhar que nem um cão...
Chama-me de criança que eu não me importo.

Su

terça-feira, 25 de março de 2008

O nascimento de um novo deus


Cortam-se os lábios, outrora de amor,
escorre indecisamente desespero.
Velhos sábios, numa interminável luta,
buscam a fórmula por que espero.

O corpo, envolto no seu húmido manto de calor,
oculta a sua ferocidade,
antigo devorador
de velhos sentimentos, a eternidade
das desilusões.
Os dedos erguem-se esguios
nos membros hirtos,
recolhem-se em contrações
rejeitadas em gritos
de anúncio... Aterrador
trovão de perturbações
em entardecer de fértil horror.

O odor aquoso da transpiração
destrói a paz do pequeno corpo,
que se deixa possuir na lentidão.
Sob os joelhos cansados
cede à loucura dos membros vorázes
que, rasgando os ovários,
invadindo o ventre,
emergem de tão belo Hádes
em convulsões lúbricas,
semelhantes a um Tártaro infernal:
o nascimento de um novo deus.


By Sebas_el_loco

Thanks, está mesmo muito bonito ;)

VIDA


Porque é que este sonho absurdo
a que chamam realidade
não me obedece como os outros
que trago na cabeça?

Eis a grande raiva!

Misturem-na com rosas
e chamem-lhe vida.


José Gomes Ferreira, in PoesiaII

sábado, 22 de março de 2008

sexta-feira, 21 de março de 2008

A poeira


No abismo escuro e vil
da negra nuvem deste mundo,
andamos sonâmbulos e sem nada vermos.
No buraco fundo e triste
cairemos um a um,
sem perdão, sem piedade
sem excepção.
De que valem as palavras ocas e em vão
proferidas por ti e por mim
se tudo já quase é poeira?
De que valem as acções incertas e incorrectas
feitas por ti e por mim
se já tudo está destinado?
Andamos redundando o mundo
com frases fúteis, frases a mais...
Andamos a infligir tortura,
sofrimento, sem ter dó.
E por aí andamos, às voltas...
com pena de nós próprios,
com pena de tudo ser mundo.


Su

Buda estava reunido com os seus discípulos numa certa manhã, quando um homem
se aproximou.
-Deus existe?- perguntou.
-Existe- respondeu Buda.
Depois do almoço, aproximou-se outro homem.
-Deus existe?- quis saber.
-Não, não existe- disse Buda.
Ao final da tarde, um terceiro homem fez a mesma pergunta:
-Deus existe?
-Tu terás de decidir- respondeu Buda.
-Mestre, mas que absurdo! - disse um dos seus discípulos. - Como é que o senhor pode dar respostas diferentes para a mesma pergunta?
-Porque são pessoas diferentes - respondeu o Iluminado. - E cada uma aproximar-se-áde Deus à sua maneira: através da certeza, da negação e da dúvida.



Embora a guerra se comemore por estes dias e, no fundo dos fundos, na minha opinião, não tenha a ver apenas com a diferença em termos de religião,(€€€), achei interessante esta história que realmente nos mostra que sendo de terras diferentes, com culturas diferentes, até temos algumas coisas semelhantes, somos todos humanos...parecidos fisicamente, até psicologicamente e todos filhos Daquele que nos criou, que é bem capaz de ser la misma entidade...
Bem haja a todos.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Divagações


Pulas como a mola que parte
Rodopias como a bola
Nos pés descalços de um
Alegre puto de rua
Transitas em movimento contínuo
No solar da minha alma
E brincas como pequena criança
Nos sonhos que me embalam
Sorris como uma pequena traquina
Acolhes o meu mundo no teu jardim
Foste os pássaros que voaram
Um migrar equatorial
Certas vezes penso, serás a tal?
Lembro as vezes que magoaram.
Não deixo porém de contemplar
O teu maravilhoso pular
O sorriso que escondes no olho
Da tua bela entranha ocular...

Very nice, by Mr B (não arranjas nada, arranjo eu hehe)

Ágætis Byrjun


Bjartar Vonir Rætast
Er Við Göngum Bæinn
Brosum Og Hlæjum Glaðir
Vinátta Og Þreyta Mætast
Höldum Upp Á Daginn
Og Fögnum Tveggja Ára Bið
Fjarlægur Draumur Fæðist
Borðum Og Drekkum Saddir
Og Borgum Fyrir Okkur
Með Því Sem Við Eigum Í Dag
Setjumst Niður Spenntir
Hlustum Á Sjálfa Okkur Slá
Í takt við tónlistina
Það Virðist Enginn Hlusta
Þetta Er Allt Öðruvísi
Við Lifðum Í Öðrum Heimi
Þar Sem Vorum Aldrei Ósýnileg
Nokkrum Dögum Síðar
Við Tölum Saman Á Ný
En Hljóðið Var Ekki Gott
Við Vorum Sammála Um Það
Sammála Um Flesta Hluti
Við Munum Gera Betur Næst
Þetta Er Ágætis Byrjun


Bright Hopes Come True
As We Walk Downtown
Smiling And Laughing
As Friendship And Exhaustion Collide
We Celebrate
A Two Year Wait
A Distant Dream Is Born
We Eat And Drink Ourselves Full
And Pay Up
With All We Have For The Day
We Sit Down Excited
Listen To Ourselves Play The Music
No One Seems To Listen
This Is Completely Different
We Lived In Another World
Where We Were Never Invisible
A Few Days Later
We Speak Again
But It Didn't Sound Good
We Were All In Agreement
In Agreement About Most Things
We’ll Do Better Next Time
This Is An Alright Start

segunda-feira, 17 de março de 2008

Sunset

É o que fazes a mim,
brilhar no mais brilhante sorriso,
perder-me no infinito tempo
e mais nada há.
É que fazes a mim,
o mundo não é mais o mesmo,
há esperança em tudo.
Tudo é bom
o que fazes a mim...
Maior é a a tua luz,
maior o teu mundo que outro meus.
Fecha os olhos,
estou ao teu lado
e cada coisa que escrevo sobre ti
não chegaria para te igualar.
Mas isto é para ti
pelo que fazes a mim.

Su

Adeus


Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.



by Eugénio de Andrade

Múm, Green Grass Of Tunnel


Bonito o vídeo,até tem um farol e tudo! (eu tenho panca por faróis) lol mas está bonito sim.

Sigur Ros - Svefn-G-Englar


Não tenho palavras...só sentindo mesmo. Com elfos à mistura e tudo.
Sem dúvida um dos melhores albuns de sempre, na minha opinião.

...


A partir de hoje vou lutar todos os dias, por um instante que seja, para que o meu coração não fique assim...

sábado, 15 de março de 2008

À tarde


Hoje tens o sol e a claridade é imensa…
Mas quando chegar o Inverno quem vai iluminar-te?
Hoje tens os amigos e a alegria é demais…
Mas quando chegar a solidão quem vai ouvir-te?
Hoje tens a praia e o calor é muito…
Mas quando o frio chegar quem vai aquecer-te?
Hoje tens a companhia e o riso é abundante…
Mas quando chorares quem te dará a mão?
Hoje sentes o fogo e o calor é intenso…
Mas quando tudo for fumo escuro e cinza quem te guiará?
Hoje o céu está claro e corre uma brisa…
Mas quando a tempestade chuvosa vier quem te acolherá?
Hoje tudo são rosas e amor
Amanhã espinhos e dor
A vida corre, a manhã passa por ti,
Mas já era de tarde quando te vi.

Su

sexta-feira, 14 de março de 2008

Porta aberta


Deixa a porta aberta
Que eu entrarei para te ver
Deixa o banco vazio
Para eu me sentar
E deixa a janela aberta
Para juntos mirarmos o mar
E as constelações
Sempre inseparáveis.
No meio das árvores frias,
A meio da semana,
A caminho da praia à noite.
Às vezes paramos no meio delas
(Eu não vou esquecer).
Embora discutíssemos
Dizemo-lo sempre com cuidado redobrado,
Precioso,
De quem parece feito de cristal...
No limiar da existência
E para além dela
Eu contigo caminharei
Lado a lado e
Os nossos passos sempre rimarão.
Su

Neblina


Por dentro dos braços do vento
Revolto,
Cinza.
O farol impõe-se no horizonte
No mar agitado, intocável.
E quantos o viram...
Quantos o veêm e verão...
A neblina te esconde,
O tempo te engole
E o mar te responde
Revolto,
Cinza.
Na espuma das ondas
Tudo te desaparece
E o grito da gaivota mais distante
No meu ouvido se mantém,
Inalterável
Até à hora da minha dormida
Torpe,
Dormente, cinzenta e revolta.
Su

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Falando sobre gajos bons...


Ora digam lá que o zé nabo e o manuel do grelo não estavam giros no dia em que foram à cidade abanar a bunda e o capacete...sempre em altas estes dois na pesca ao grelo!

sábado, 26 de janeiro de 2008

Ruas


Abro os olhos.
O sol espreita lá fora Por entre um manto negro de nuvens.
A claridade escasseia.
Os sonâmbulos deambulam pelas ruas
Com caras carrancudas
Como se lhes tivessem dado pouca corda.
Passo a passo,
Rumo ao mesmo destino de todos os dias.
Também eu vagueio por aí
Entorpecida.
Será do sono, será da rotina monótona?
O frio entranha-se nos ossos à força,
O vento parece querer derrubar toda a gente.
Uma criança sorri,
Um cão ladra ali.
As mesmas ruas gastas
Que guiam as pernas que já conhecem o caminho.
Um olá aqui, outro ali.
Olho o relógio
E vou finalmente para a aula... Bah!
Su

A ti


Mãe
És a mãe mais especial
Não por seres única
Mas por seres mesmo assim.
Às vezes não sei o que seria de mim
Sem as tuas mãos
Os teus olhos e a tua presença.
De mim nunca poderás fugir
Porque estás presa no meu coração eternamente.
Beijo do tamanho do mundo.
Su

Teardrop


Passam segundos,
Passam os minutos,
As horas, dias, semanas,
Os meses...
Mas o teu olhar permanece,
Intemporal.
A lágrima escorre, face abaixo
Dos olhos saudosos,
Secando a pele e
Caindo no chão,
Dissipa-se
Absorvida pela terra.
Tudo se vai mas fica
O sentimento da saudade
E com ela a tua imagem.
Su