segunda-feira, 5 de abril de 2010

Cidade de vento


Cidade de Vento
Nas ruas calejadas pelo andar dos velhos
A luz das janelas ilumina o meu passo
No encontro perspicaz de duas ruelas
Vejo os muros escoar neste tempo escasso

As pedras da calçada longe da origem
Lembram a noite passada ao relento
Onde só as velhas luzes fingem
Que não ouviram nada a não ser o vento

Cidade morta de vida
Faz o sol desaparecer
Manda os pombos dormir
Que está a anoitecer

Num jardim adormecido pelo cantar das cigarras
Velhos bancos de madeira pregados ao chão
Lembram conversas banais de mulheres bizarras
De homens que o tempo moldou á sua razão

E a fonte imponente de pedra já gasta e fria
Verte lagrimas de água rodada pelo tempo
Indiferente ao ruído da melancolia, finge
Que não ouviu nada a não ser o vento

Cidade morta de vida
Chama pela lua
Manda os pombos dormir
Que está frio na rua

Nas escadas escondidas pela rocha negra
Passa um bêbado arrastando as suas tristezas
E os degraus repisados sem nenhuma regra
Lembram poemas não escritos pelas incertezas

Avenidas abandonadas vazias de gente
Escondem estátuas de rostos com alento
Que sorriem grandiosas a fingir
Que não ouviram nada a não ser o vento

Cidade morta de vida
Larga o teu pensamento
E adormece a fingir
Embalada pelo vento

Ricardo Ribeiro

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